Núcleo de Investigação e Pesquisa em Psicanálise e Direito
Coordenação: Elaine Maciel
Coordenação Adjunta: Maira Freitas
Tema: A clínica universal do delírio
Ementa: Neste semestre, daremos continuidade à investigação do tema do primeiro semestre deste ano: “A clínica universal do delírio”. Seguiremos guiados pelo axioma lacaniano “todo mundo é louco, ou seja, delirante”. Se a loucura não é privilegio do sujeito psicótico e sim de todo ser falante, como afirmou Lacan em seu ultimíssimo ensino, as nossas próximas atividades propõem evidenciar o quanto o real do gozo impõe um fora de sentido, levando-nos a delirar.
Se todo mundo delira, não se trata de tentar adequar os sujeitos à uma norma, mesmo porque o gozo não se submete a ela. Nesta perspectiva que inauguraremos nossas atividades do semestre, com a discussão do tema da despatologização da transexualidade. O sujeito trans nos testemunha o real do gozo, sendo que despatologizar a transexualidade implica colocar-se à altura desse real, que se impõe a todo ser falante, como nos esclarece Fabián Fajnwaks (2020). Como encontrar um saber fazer com este indomável do gozo, de forma a possibilitar ao sujeito fazer laço social?
Em seguida, daremos continuidade à investigação sobre a inteligência artificial, iniciada desde o ano passado. A tecnologia da informação tem se configurado como instrumento de dominação e controle, a partir de uma perspectiva imaginária. Discutiremos este tema a partir do filme Minority Report – A nova lei. Nele a inteligência artificial é usada na prevenção ao crime. O “culpado” é preso e condenado antes que o crime aconteça. Este filme de ficção – que se aproxima da nossa realidade – coloca em questão princípios centrais do direito e nos faz perguntar sobre os discursos alienantes, submetidos à uma lógica de inteligência artificial. Poderíamos dizer que a inteligência artificial tenta reconstruir um grande Outro numa lógica paranoica?
Aprofundando nesta discussão, haverá ainda uma atividade com o título: A inteligência artificial e a dimensão do real no século XXI, em que teremos a oportunidade de saber como o direito tem lidado com esta temática. Destinada a estar amplamente presente no nosso cotidiano, a inteligência artificial possui um acervo de linguagem que se comunica por meio de uma extensa base estatística. De que linguagem se trata? Quais os efeitos desta linguagem de algoritmos? Que tipo de relação está sendo construída na sociedade? Quais as consequências subjetivas da presença da inteligência artificial?
Em uma atividade conjunta com o Ateliê de Pesquisa em Psicanálise e Segregação, discutiremos, a partir de um caso de violência policial contra um homem negro, os limites e possibilidades do processo judicial no enfrentamento do racismo. Mais especificamente, como o discurso jurídico pode não apenas silenciar acerca da discriminação, como constituir, “legitimamente”, relações de desigualdade.
Posteriormente, contaremos com a apresentação de um caso clínico de abuso sexual no trabalho. Discutiremos a posição subjetiva do sujeito em questão e as consequências deste acontecimento sobre seu corpo e sua subjetividade, bem como os desdobramentos que o processo jurídico teve em sua vida. Para este sujeito recorrer à justiça possibilitou lançar mão dos seus direitos enquanto mulher. Contudo, podemos considerar que este recurso viabilizou um deslocamento do lugar de objeto de gozo do Outro ou a manteve assujeitada à sua posição? O que o encontro com um analista possibilitou para este sujeito, no que concerne à parte maldita que habita todo ser falante?
Encerraremos nossos trabalhos com uma conversação sobre as discussões que realizamos no Núcleo ao longo do ano de 2023. Destacaremos os pontos centrais que permearam nossas discussões, no que concerne ao real do gozo e à clínica universal do delírio.
Referência Bibliográfica:
FAJNWAKS, F. A despatologização da transexualidade. In: Psicanálise e psicopatologia
lacanianas: impasses e soluções. Curitiba: CRV, 2020. p. 16-45
11/08/2023
Seminário teórico: O sujeito trans: os arranjos do ser falante com o gozo
Apresentação: Márcia Rosa
Coordenação: Márcia Mezêncio
Às 10:00 h.
Presencial e pelo Zoom.
25/08/2023
Delírio de prevenção na sociedade de controle. Discussão do filme: Minority Report, a nova lei
(2002). Diretor: Steven Spielberg.
(O filme se encontra no You Tube e deverá ser assistido previamente).
Comentários: Cristiane Barreto
Coordenação: Kátia Mariás
Às 10:00 h.
Presencial e pelo Zoom.
30/08/2023
Atividade conjunta entre o Núcleo de Pesquisa em Psicanálise e Direito e o Ateliê de Pesquisa
em Psicanálise e Segregação: Direito e segregação: um caso de discriminação institucional
Apresentação: Felipe Mata Machado, procurador do Distrito Federal.
Comentários: Jésus Santiago
Coordenação: Elaine Maciel e Henri Kaufmanner
Às 20:30 h.
Presencial e pelo Zoom.
22/09/2023
A inteligência artificial e a dimensão do real no século XXI
Apresentação: Mariah Brochado Ferreira, professora da Faculdade de Filosofia da Tecnologia e do Direito da UFMG e presidente da Comissão de Inteligência Artificial no Direito da OAB-MG.
Comentários: Gilson Iannini
Coordenação: Márcio Toledo
Às 10:00 h.
Presencial e pelo Zoom.
27/10/2023
Abuso sexual: a posição de gozo de um sujeito
Apresentação do caso clínico: Tatiane Pires
Comentários: Ludmilla Feres Faria
Coordenação: Mônica Campos.
Às 10:00 h.
Presencial e pelo Zoom.
17/11/2023
Conversação sobre a pesquisa do ano de 2023
Apresentação: Maira Freitas
Coordenação: Elaine Maciel
Às 10:00 h.
Presencial e pelo Zoom.